sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Vasco 4 x 1 Náutico - 22a Rodada

Voltando pra casa depois de um dia cansativo de trabalho, aqui estou para reportar o que vi na vitória, ou melhor, no sufoco de ontem à noite. Foi um jogo daqueles pra testar cardíacos, pessimistas e desesperançosos (ontem eu me incluía nessa última categoria). Confesso que o panorama da partida, do minuto em que o Andrade foi expulso até os 30 do segundo tempo, não me inspirava nenhuma fé de que o Vasco iria balançar a rede mais uma vez no jogo. O Náutico dominava as ações e o Vasco parecia já pensar em salvar um pontinho só, e a invencibilidade em casa. Mas num relance, numa jogada de personalidade do Leandro Amaral, tudo mudou! E o Vasco deslanchou com autoridade.

Então vamos ao jogo. Primeiro, os deméritos. Não existe maneira de se comentar o jogo de ontem, sem falarmos da situação do Andrade. Os de boa memória por acaso lembram quando, ainda no início do campeonato, houve um boato sobre um possível pedido de demissão do Celso Roth? Por acaso, a época desse "boato" foi a mesma do anúncio da contratação do jogador Andrade, que o técnico NÃO havia solicitado. Hoje, entendo o fundamento disso tudo, e me arrisco a criar a minha versão particular dos fatos. Roth simplesmente sabia o que ia acontecer. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde teria que decidir entre manter a qualidade do Perdigão e atender os pedidos da torcida por Andrade.

Na minha visão de futebol, não existe como comparar Perdigão e Andrade. Jogando futebol, o primeiro é inúmeras vezes mais completo que o segundo. Enquanto Perdigão domina bem, passa e lança com qualidade, e desarma sem muitas fazer faltas, o Andrade apenas chuta. Alguns podem achar que estou exagerando, mas apesar de ser mais leve que o Perdigão, o Andrade parece não ter bom tempo de bola e geralmente chega atrasado nos lances, tendo que cometer a falta. Não estou falando isso pelas partidas desse retorno, mas sim pela obra completa do Andrade no Vasco. Como cobrador de faltas ele é indiscutível. Poucos no país conseguem chutar tão forte e com tanta precisão a bola parada. Mas num jogo com o de ontem, onde as faltas próximas não aconteceram, ele se torna quase inútil.

É muito doloroso dizer isso, pois Andrade é um cara que caiu nas graças da torcida. Ano passado ele foi muito importante pro Vasco chegar brigando pela Libertadores até o fim. Mas nesse atual esquema, onde o Conca precisa de alguém com qualidade no passe pra "trocar figurinhas" no meio, Andrade fica meio sem lugar. Pra brigar por vaga no time, teria que ser com o Amaral, de primeiro-volante. E assim eu passo pra segunda parte deste post: os méritos de ontem.

Antes que me atirem pedra vou logo avisando: NÃO SOU FÃ DO AMARAL. Mas como vascaíno e observador não posso deixar de dizer que ele está vivendo o melhor momento dele desde que chegou no Vasco. Muitos vão dizer que isso não é muita coisa, mas serei obrigado a discordar. Ontem, nas arquibancadas de São Januário, tive a noção exata da importância dele pro time, e porquê o Celso Roth não abre mão dele. Quando o Vasco ficou com um homem a menos, e os espaços começaram a aparecer pro Náutico, Amaral corria por dois e estava combatendo em quase todas as partes do campo! Onde a bola estava, ele estava também. E foi graças a essa confiança que o técnico tem no poder de combate do Amaral, que ele pode botar o Marcelinho no intervalo, e não um jogador de marcação no lugar do Abuda (que diga-se de passagem, é o jogador mais enrolado do elenco vascaíno). É uma pena que o Amaral não consiga dar um passe de mais de 4 metros, mas acho que pro futebol dos "bons-de-bola" aparecer, é preciso que alguém corra. Amaral é, digamos, um mal necessário pra esse time.

Outro que merece destaque é o Conca. O argentino joga muito fácil mesmo. Foram várias as bolas que pareciam perdidas que ele, com um giro de corpo, mudava a situação e descobria um companheiro desmarcado. Que visão! Que habilidade! Me arrisco até a dizer que desde 2000, com "Os Juninhos", que o Vasco não tem um meia armador tão talentoso. Hoje posso dizer que o investimento, expectativa e paciência dispensados ao "hermano" valeram com sobra. É, sem dúvida, um dos principais responsáveis pelo bom momento do time. Quando Morais voltar de contusão (se voltar...) vai ter que brigar por uma vaga no ataque ao lado do Leandro, porque o meio já tem dono.

Falando em Leandro, esse é um caso excepcional. Mesmo quando não está na sua melhor forma física e técnica (o que me parece ser o caso), compensa com vontade, seriedade e explosão! Nas últimas partidas, desde que voltou de contusão, Leandro tem errado muitos passes e matadas de bola, mas sempre compensa sendo o mais perigoso do time, seja trombando com a zaga e o goleiro, ou arriscando de fora da área com seu potente chute. É o tipo de jogador que merece todos os aplausos da torcida vascaína. Ontem, Leandro sofreu o primeiro pênalti e converteu, fez a jogada do primeiro gol do Marcelinho e deu o passe para o Rubens Jr. fazer o terceiro, que trouxe a tranquilidade definitiva. Atuação nota 10, dada a dificuldade da partida. Simplesmente decisivo.

Decisivo também foi o Marcelinho. No intervalo, pensei: "Bem, se eu fosse o Roth, tirava o Abuda, que não dá uma dentro, e colocava alguém de pegada pra compor o meio e tentar sair num contra-ataque". Quando vi a inconfundível cabeleira do Marcelinho saindo do túnel rumo ao gramado, temi pela ousadia do Celso, já que marcar não é uma das principais marcas do veloz meia. Mas como já disse antes, a confiança do Roth no Amaral é tão grande, que ele decidiu manter o Vasco com uma postura ofensiva, dentro da medida do possível, e arriscar os 3 pontos que eram importantíssimos. E deu muito certo. O Náutico comandava as ações em campo, e começou a acreditar na vitória. O time se empolgou e acabou subindo todo pro ataque, e dando espaços que outro jogador que tivesse entrado não aproveitaria tão bem como o Marcelinho, que acabou premiado com dois gols e saindo como herói da partida.

A goleada, sem dúvida, não traduz o que foi o jogo. Foi um verdadeiro sufoco, e quem estava lá como eu pode ver a torcida calada e apreensiva até a hora do 2 x 1 (diga-se a verdade, a "Guerreiros do Almirante" foi a única que não parou um segundo de cantar). Agora, nos resta tirar proveito do moral que essa vitória nos deu para vencer o Fluminense (que também vem de uma vitória por 4 x 1, e fora de casa) no domingo, para continuarmos na briga pelas primeiras posições. O grupo dos que disputam o chamado "G4", está cada vez menor, e nós não temos intenção de sair dele!

Saudações

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo Vaiscaíno.... Passei um sufoco também na arquibancada. Concordo com suas palavras. Bons comentários, continue assim.
saudações vascaínas