sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Diamante bruto...

Muita expectativa tem sido criada em relação a um jovem atacante, que no ano passado desfilou qualidade vestindo a camisa da equipe juvenil do Vasco. Seu nome: Alex Teixeira. Confesso a vocês, possíveis leitores, que nunca tive oportunidade de assisti-lo jogar com a camisa do Vasco, mas sempre tive boas informações daqueles que acompanhavam as divisões de base do clube. No entanto, Alex tem sido convocado para as Seleção Sub-17, e aí pude ter uma idéia do futebol do garoto, principalmente no Panamericano e agora no Mundial da categoria.

No Pan, Alex não se destacou muito. Aliás, ninguém da Seleção foi bem, tanto que a equipe acabou eliminada de forma prematura da competição. Já no Mundial a história parece que vai ser diferente.

Assisti os 3 primeiro jogos e não comentei nada antes porque queria ver como seria a última partida do grupo, contra a Inglaterra, já que os 2 primeiros adversários (Nova Zelândia e Coréia do Norte) não inspiravam muito crédito. Como esperado, o Brasil literalmente atropelou os dois. No entanto, é preciso ressaltar que os resultados não foram só construídos (foram, em parte...) graças à fragilidade dos adversários. O Brasil jogou com autoridade e acima de tudo qualidade.

A Seleção tem, na minha opinião, 5 jogadores que merecem atenção especial, pois demonstram uma qualidade diferenciada para "moleques" de 16 anos. São eles: os dois laterais do Fluminense Rafael e Fábio, os meias Lulinha (Corínthians) e Tales (Internacional-RS), e finalmente o atacante Alex Teixeira do Vasco.

Os dois primeiros são um caso muito peculiar e promissor. Além de irmão gêmeos, Fábio e Rafael impressionam pelas mesmas características. A seriedade e capacidade de ler o jogo faz com que os dois pareçam veteranos em campo, e não é a toa que Fábio (lateral-esquerdo) é o capitão da equipe. A mundo do futebol já descobriu os irmãos das Laranjeiras, que já estão negociados com o Manchester United, e partem pra Inglaterra assim que completarem 18 anos. Tenho a impressão que essa família vai ficar na Seleção por um bom tempo. Só um palpite...

O garoto Tales foi uma surpresa pra mim. Nunca tinha sequer ouvido falar dele! Já na primeira partida contra a fraca Nova Zelândia, me chamou atenção como ele dominava os fundamentos do futebol. Passe, drible, domínio, chute com as duas pernas, pareciam tarefas triviais para o "guri", que teve grande atuação. Na derrota de ontem frente aos ingleses, Tales fez uma réplica da pintura de Ronaldinho Gaúcho na Copa de 2002, contra o mesmo English Team, mas falaremos sobre esse jogo mais adiante. Olho nele...joga bola!

Já o meia do Corínthians, o Lulinha, é um caso oposto ao do Tales. Quando comecei a acompanhar a Seleção Sub-17 já sabia de suas qualidades, pois já tinha visto várias atuações dele pelo seu clube, principalmente na última Copa São Paulo de Futebol Junior, onde foi um dos grandes destaques. No entanto, nessa Seleção Lulinha tem sido uma decepção. É notória sua qualidade, mas parece que o jovem corinthiano sofre do mesmo mal que aflige muitos dos grandes jogadores do mundo. É tão seguro de suas virtudes, que na maioria do tempo é displicente, como se pudesse decidir o jogo a qualquer momento. Aí, quando seu time fica em desvantagem no placar, tenta resolver tudo sozinho no desespero, o que raramente dá resultado. Ontem, quando a partida contra a Inglaterra estava empatada, Lulinha perdeu um pênalti. Juro que quando o vi correndo pra bola temi pelo pior. Falta "sangue nos olhos" do garoto.

Enfim, chegamos ao nosso diamante bruto. Com a atual situação do futebol brasileiro, que virou um "feirão" de exposição de jogadores para Europa, sempre surge a expectativa pra ver quem vai ser o próximo Káká, ou Ronaldinho, ou Robinho que vai sair garoto do país pra brilhar nos grandes clubes europeus. O último deste quilate que o Vasco exportou foi o Romário, pro PSV da Holanda, em 1989. Talvez, desde essa época não apareça um jovem tão promissor quanto o Alex na base do nosso clube.

Para aqueles que ainda não tiveram oportunidade de vê-lo em ação, me permitam uma comparação muito particular da minha parte, porque não encontrei ainda ninguém que pensasse assim. O futebol de Alex me lembra muito, mas muito mesmo, o do Amoroso no início de carreira. Aquele que surgiu no Guarani e partia do meio campo em velocidade com a bola pra parar dentro do gol adversário. Aquele que foi pra Itália e foi artilheiro da disputada "Serie A" jogando por times de média expressão (como Parma e Udinese, por exemplo). Tal qual Amoroso nessa época, Alex é muito veloz, habilidoso, inteligente e sabe concluir. Nas duas primeiras partidas do Mundial, sem dúvida, Alex foi o melhor em campo. Fez assistências e gols (um deles um golaço!) com a naturalidade daqueles que nasceram para o ofício do futebol. E encheu meu coração de esperança.

Eis que veio a partida de ontem (hoje de madrugada, na verdade) contra a Inglaterra, e com ela as dificuldades naturais de se enfrentar um time de "verdade". O time inglês é muito bom, e dificilmente não vai chegar até as semi-finais da competição. Os garotos deles, também parecem veteranos em campo, e muitos já são jogadores de clubes como Chelsea e Arsenal, e portanto, preparados como tal. Diga-se a verdade foi um jogo de "adultos", muito pegado e acima de tudo equilibrado. Por mais que o Brasil jogasse bem, e de forma mais "vistosa" que o adversário, volta e meia eles chegavam com muito perigo, jogando o futebol pragmático e eficiente que lhes é peculiar. Alex teve marcação individual durante quase todo o jogo. No primeiro tempo, pouco tocou na bola, e numa das vezes que teve oportunidade de puxar o contra-ataque, a jogada saiu belíssima, com Lulinha ajeitando de calcanhar pra Fábio, que chutou pra fora. Já na segunda etapa, Alex teve um pouco mais de espaço. Puxou uns três contra-ataques e finalizou duas vezes contra o bom goleiro inglês, que acabaria sendo um dos principais jogadores em campo ao defender o pênalti de Lulinha quando o jogo estava no fim, e empatado. O gol sofrido nos últimos instantes foi um castigo para um time que jogou bem, criou, mas não finalizou com eficiência. No saldo geral Alex foi bem ontem, e eu daria uma nota 7 para a sua atuação.

Não sei o que vai acontecer com essa Seleção daqui pra frente. Vou seguir acompanhando e reportando aqui minhas impressões. Mas a verdade é que tem sido bom acompanhar um jogador tão promissor quanto Alex, sabendo que em breve ele vem pra vestir a camisa do Vasco. Será que ele tem chance de atuar esse ano ainda? Espero de verdade que sim, pois a possibilidade de ver o ataque com Leandro e Alex me faz lembrar dos tempos de glória do Vascão. Vamos torcer...

Saudações

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