segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Brasileirão, 16a rodada. Vasco 1 x 1 Corinthians

 

Amigos, peço-lhes a licença de falar sobre outros assuntos que não o jogo, que o nosso bom amigo Nildeval sempre faz com maestria.

Em primeiro lugar: o mando de campo.

Já era sabido a algum tempo que o Vasco mandaria este jogo em Brasília. Entre renda por esta venda do mando de campo, e benefícios pagos ao clube, esta venda beneficiou o clube em R$ 1,5 milhões.

Poderíamos falar sobre o prejuízo técnico que o Vasco teve ao “perder” este mando de campo, mas como tudo na vida, é preciso medir os benefícios e as consequências; o acordo firmado com a Fazenda, lavrado em D.O na data de hoje, por um lado abre o caminho para que as receitas do clube sejam recebidas sem transtornos e penhoras. Sejam estas oriundas de patrocínios longos, pontuais, vendas de atletas ou qualquer outra extraordinária. Por outro, impõe que o clube faça pagamentos pesados todos os meses para que estas certidões que virão, que tem validade de três meses, continuem sendo recebidas e a situação do clube não volte à de antes. Começam com 600 mil mensais, que sobem todos os anos e chegarão a um milhão e meio até o fim do parcelamento.Trocando em miúdos, começa por o que era o salário de Carlos Alberto, e acaba com o que é metade da folha de pagamento atual.

Portanto, a publicação do acordo e consequente assinatura com a Caixa, que nos pagará 15 milhões para estampar seu logo por um ano em nossas camisas, não pode ser encarado como a solução, mas apenas o começo dela. O clube precisa correr atrás de outros parceiros e outras receitas pontuais. Entre elas, a venda de mandos de campo, porquê não?

Se o estádio estava vazio, é culpa da empresa que cobrou muito caro pelos ingressos,  isto é problema dela, já que o Vasco recebeu 800 mil limpos na mão. Pelo mando de UM jogo, recebemos uma receita que supera em 500 mil a que tivemos no jogo contra o Grêmio, de 300mil, e paga o primeiro mês de parcelamento com a receita. O prejuízo técnico existe, mas não nos enganemos; futebol é negócio e uma empresa (clube) só pode existir se for economicamente viável.

 

Em segundo lugar: Éder Luís

Seguindo o raciocínio do parágrafo acima, podemos comparar o clube de futebol com uma bolsa de valores, onde o lucro vem de comprar barato e vender caro. O jogador de futebol precisa ser encarado (dentro do terreno de jogo, não confundir com o lado humano) como uma ação da bolsa. Quando uma ação não lhe traz lucro, segura-la só vai aumentar o tamanho do buraco, o momento certo de vende-la é quando esta começa a apresentar sinais de desvalorização. O Vasco perdeu a chance de fazer dinheiro com Éder Luís a muito tempo. Após o título da Copa do Brasil, onde este jogador foi muito importante, Éder atingiu seu maior momento de valorização, mas ainda em 2011 começou a declinar do jogador que vinha sendo. Ainda assim, o Vasco ( compreensivamente) conseguiu adquirir seu passe e o de Fellipe Bastos junto ao Benfica. Vender naquele momento era o economicamente correto, mas o Vasco seguiu o pensamento da maioria dos clubes de futebol e permaneceu com o atleta, mesmo em má fase. O resultado todos sabemos; o futebol de Éder Luís desapareceu, se lesionou, voltou ainda pior, e a torcida do Vasco, ao invés de lembrar de Éder com saudosismo de um jogador que foi importante para um título importante, o encarava como um fardo, um desperdício técnico e econômico.

Com a chegada de Dorival e Fágner o futebol de Éder evoluiu, sem dúvida, ainda que MUITO abaixo daquilo que o atacante ficou conhecido, e o interesse nele começou a surgir. o Al-Nasr acenou com uma proposta de empréstimo por dois anos pagando 2 milhões de euros, quase seis milhões de reais, sendo que o clube deve ao Benfica 5 milhões de euros pelo seu passe e o de Fellipe Bastos. Ao final do empréstimo, o clube árabe tem a opção de compra de seu passe por mais 4 milhões de euros. Ou seja, trocando em miúdos, o Vasco sai lucrando 3 milhões de reais se for isto que acontecer.

É um grande negócio? Não, mas é um bom negócio. A vida real não é a vida real, e não vídeo-game. Ninguém vai chegar com um caminhão de dinheiro para comprar um jogador em má fase a dois anos, portanto a possibilidade de transformar um prejuízo de quinze milhões em um lucro de três, ainda por cima se “livrando” de um alto salário que retorna pouco resultado, é bastante agradável. Eu teria feito esse negócio, com toda a certeza.

A torcida e o técnico do Vasco reclamaram da repentina saída de Éder, que deixou até de enfrentar o Corinthians, mas ambos não pensaram no que eu disse acima. Além do mais, não ter entrado em campo, foi um pedido de Éder Luís, que QUERIA sair. Com 28 anos e uma possível carreira na Europa no passado, o mineiro vislumbrou sua última oportunidade de fazer dinheiro grande no futebol e a agarrou.

O futebol é engraçado, paga ao jogador de futebol pelo atleta que ele FOI, e não pelo que ele É….

 

Em terceiro lugar; Dorival Júnior.

Semana passada, Dorival encabeçava uma lista de treinadores, (que estranhamente, a exceção de Felipão não possuem títulos de expressão) criando a FBTF, Federação Brasileira de Técnicos de Futebol, botando a boca no mundo e dizendo que todos os clubes brasileiros tratam os técnicos como coitados, sem respeito e seriedade.

Não vou desmenti-lo. Os clubes brasileiros tem o péssimo hábito de despedir um profissional ( inclusive treinadores) sem quitar sua dívida com este. Fato lamentável sem dúvida!

Mas, o treinador brasileiro também tem o péssimo hábito de falar de mais, se achar a última bolacha do pacote e dono do time. A autoridade máxima do clube é seu presidente e os profissionais (ou amadores até) abaixo dele na cadeia de comando, até chegar ao treinador, que é apenas um funcionário.

O futebol, brasileiro incluso, tem o péssimo hábito também, de dar poderes demais a este profissional. Contrata jogadores a pedido deste, dispensa, altera horários de treinos, e mais uma miríade de cessões àquele que hoje está aqui, e amanhã pode estar no maior rival. Em outros esportes isso não acontece. Futebol americano, beisebol, rúgbi, basquetebol, e muitos outros esportes, tem um profissional para administrar o time, planejar o elenco, negociar transferências, etc. No futebol, há uma “mania” de achar que o treinador precisa concordar com uma transferência, quando a função deste é, na teoria, a de formatar uma equipe com as peças que tem, e não com as que ele queria.

Dorival pediu Guiñazú e o recebeu. Quis o destino que no primeiro jogo ele se lesionasse seriamente. Pediu Emerson Sheik e o Vasco quase o trouxe. Pediu Ganso, e o Vasco tentou-o. Não sei se pediu Fágner, mas o recebeu. Para um clube em dificuldades financeiras, é até admirável que estas aquisições pudessem acontecer, até mesmo a vinda do então desacreditado André.

E quando a diretoria entende que negociar Éder Luís é o melhor para o clube, ele dá um ataque de piti inexplicável!! O Vasco tem, sem Éder Luís, mais SEIS atacantes; André, Tenório,Reginaldo, Edmilson, Leonardo e Willie, isso para não falar nos que foram afastados ou emprestados.

Ao “detonar” a diretoria, Dorival deu uma tremenda falta do profissionalismo que ele exige do seu empregador, que é quem deve tomar esse tipo de decisão, e ao mesmo tempo deixa claro aos outros atacantes, de que eles não contam com sua confiança.

Cristiano Koehler assegurou que Ricardo Gomes sabia da negociação, portanto o dpto. de futebol não pode alegar que estava ignorante do assunto. Dorival pode até não ter ouvido isto de Gomes, pode até ter ficado insatisfeito com a perda de um atleta que julgava importante, mas isto é assunto para se tratar internamente. Dizer que o clube precisa se reforçar ao invés de perder atletas é chover no molhado, é fácil para quem não lida com dinheiro, para quem sempre pode alegar que o clube não lhe oferece os atletas necessários para uma melhor campanha.

Portanto, o melhor é que cada um faça o seu, e Dorival deixe de reclamar, pois está jogando contra ele mesmo, desestabilizando o elenco e aborrecendo a diretoria que o contratou. Melhor do que ele, sabe a torcida do Vasco, que acompanha Éder Luís a quase quatro anos e sabe quem é, e quem foi Éder Luís.

O que Dorival fez, é tão grave quanto uma teórica reclamação do Dinamite quanto à escalação de Cris, e não Renato ou Jomar. De Pedro Ken que não conta com o apoio da torcida, de Wendel, De Diogo Silva… enfim. Se o treinador não gosta de ser questionado pelo seu trabalho, não deveria questionar o da diretoria. E isto é opinião de alguém que critica esta mesma diretoria, mas acredita na hierarquia e no respeito.

 

Em quarto lugar: Marlone e Willie

O primeiro continua crescendo sob a batuta de Dorival. ontem perdeu mais um gol na cara, para não perder o costume, mas esse nervosismo na frente do goleiro há de acabar quando sair o primeiro. Já Willie, para mim substituiu a altura o que Éder Luís fazia no segundo tempo. A altura? Jogou melhor inclusive. O garoto não se intimidou com o zagueiro Gil e partia para cima, com habilidade e domínio de bola que Éder nunca teve. Gosto de jogador assim, talentoso e de personalidade. Se receber chances e tiver a cabeça no lugar, pode ser uma grande-valia ao Vasco.

 

A palavra do Nildeval:

Mais uma oportunidade de ouro do Vasco engrenar no campeonato. Mais uma vez, faltou caprichar nas finalizações. O Vasco ainda carece de um jogador estilo matador. Nosso ataque continua perdendo muitos gols, alguns fáceis. Hoje, por exemplo, pelo menos 03 chances claras poderiam nos dar a vitória e uma melhor colocação na tabela. Claro, o Corinthians também perdeu gols.

A bem da verdade, o Vasco fez um primeiro tempo irreconhecível. Tomar gol com apenas 04 minutos dificulta a reação de qualquer equipe. O gol do adversário, que mais uma vez mostrou o desespero de nossa defesa com as bolas altas na nossa área, desestabilizou o Vasco, que tinha em seu lado esquerdo uma avenida.

Logo em seguida, quase que o Corinthians chega ao segundo gol, aproveitando-se de um Vasco perdido, numa bola cabeceada na trave, para sorte de nosso goleiro. A única jogada do Vasco vinha na tentativa individual, do Juninho, ou do Marlone, que entrou muito bem como titular, mas precisa muito trabalhar finalizações. Hoje, ele desperdiçou pelo menos 03 gols.

Mesmo equilibrando a partida a partir dos 20 minutos, o Vasco não conseguia criar nada, com Juninho bem marcado, Pedro Ken mais uma vez sumido no jogo e nossa defesa nos proporcionando aquela velha preocupação, das bolas lançadas na área.

Outra jogada que o Vasco precisa trabalhar mais, são os cruzamentos para nossos atacantes. Hoje, nosso ataque simplesmente não ganhou uma bola sequer. Um primeiro tempo em que poderíamos ter levado mais gols.

O Vasco voltou totalmente diferente para a segunda etapa e poderia sim, sair com os 03 pontos na tabela. Começou pressionando, teve uma oportunidade clara após passe espetacular do Juninho, em que Wilie chutou por cima do travessão. O gol era questão de tempo, e viria aos 09 minutos, numa saída errada do goleiro corintiano, que tirou mal com os pés e o Juninho acabou dando um toque, deitado, mas açucarado para o André, que não perdoou.

O Vasco continuou buscando a virada. Foram boas chances perdidas, primeiro com o André, que ficou esperando uma bola em que o zagueiro tirou no último segundo. Mas o maior vilão foi mesmo o Marlone, que por 02 vezes teve a bola do jogo e desperdiçou.

Temos que lembrar também que do outro lado estava uma equipe entrosada, com um ataque muito forte, que poderia também ter saído com um resultado positivo. Seu ataque perdeu gols, inclusive, nosso goleiro trabalhou muito bem na partida. Hoje, o Juninho não acertou nas faltas. O Pedro Ken melhorou muito na segunda etapa, creio porém, que já passou da hora do Montoya ter uma oportunidade como titular, afinal, nas vezes em que entrou, correspondeu...

Mais um empate, e nossa posição na tabela vai cada dia mais se estabilizando, ou seja, de empate em empate, não conseguimos sair da nona, décima posição... Próxima parada, jogo de volta da Copa do Brasil, um treino para a próxima rodada do brasileirão.

Abraços e boa semana.

11 comentários:

Ruy disse...

Perdemos os 3 pontos nos pés do Marlone, uma pena. Tomamos um gol por causa da zaga (Cris), outra pena. O Dorival, como todo o nosso time, precisa melhorar na escalação e ficar de bico fechado. Pedro Ken é peso morto.
Belo post!

Digo disse...

Montoya no banco e Ken titular. vai entender?

Paiulo da Cancela disse...

Tivemos um, bom 2o tempo e fomos derrotados pela nossa falta de qualidade. Zaga e goleiro falharam no gol.

Liso disse...

Alô Dorival.... o Jomar e o Montoya, não podem ficar no banco. Você anda escalando mal!

Vasconcellos disse...

O Corinthians foi melhor até os 30 minutos do 1o tempo,e aproveitou muito bem a nossa falha. Depois mandamos no jogo e graças a visão do Juninho conseguimos empatar e daí pra frente desperdiçamos chances da virada.

Carla Lia disse...

Mais uma vez deixamos escapar os importantes 3 pontos. Gosto do futebol do Marlone, só acho que ele precisa treinar finalizações, anda péssimo.
Sds

Lenon disse...

Brincadeira Cris, mais uma vez caindo sozinho na jogada. Se liga!

André Brasil disse...


Realmente, reclama do clube vender o Éder Luís, mas escala o Cris, que todo mundo odeia e falha todos os jogos, pra deixar o Jomito e o Renato ( que vinha jogando um futebol bastante razoável) no banco. Eu se fosse o presidente metia o bedelho nessa porra.

Técnico é um empregado, vai ficar me questionando boto no olho da rua!

Anônimo disse...

Quando o Éder Luís finalmente resolve jogar bem, vendem ele? E tem gente que ainda concorda com isso??
Muito bem...

Gabriel Gago disse...

Amigo, não pretendo, nem finjo, ser o dono da verdade. Mas Concordo inteiramente com a "venda" do Éder Luís.

Qual o seu argumento para justificar manter um jogador caro, que a dois anos não joga bem? meia dúzia de partidas razoáveis, numa amostragem de mais de 100 partidas ruins?

Eu já encarei o futebol como apenas fã, mas hoje meu pensamento sobre o futebol é crítico, cético, baseado em números e com os pés no chão. Não tenho vínculo emocional com jogadores, que são ferramentas. Meu vínculo é com o clube.

Respeito sua opinião, mas acho que esses 54% de pessoas que discordam da venda do Éder são os mesmos que vaiavam-o a pouco tempo. Torcedor de futebol é 90% deslumbrado, emocional, e toma opiniões baseadas sempre no que aconteceu semana passada, ao invés de observar um período maior de tempo.

Manfredi disse...

Dorival, perca seu tempo pensando no time, você anda dando mancadas. mais uma vez o juiz ajudou o Corinthians, o Danilo merecia o vermelho.